Sobre pessoas bonitas, inspirações, amores desmedidos, memórias, elaborações, viagens, fotografias e outros outonos. Sobre o que levo em meu coração, sempre. [licialves@gmail.com]
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domingo, 17 de maio de 2015

mirrors

I've been thinking about how awesome it is that we are able to find ourselves a little community online. Nowadays we're able to find whatever we want from hair tips to house decor, it's all just a click away on our computers. Unfortunately, all this exposure also has a downside, something that feels almost intrinsic to us women: comparison. 

I often catch myself looking at people on instagram and hoping I'll find someone with my face shape, my body and hair type, my style, my beliefs.. it's almost as if I'm trying to find myself out there in order to believe it's ok to be me. Like I need someone else to be similar to me so that I feel I belong somewhere,  that I'm just fine, that I fit in. 

that is surely a tension we all need to deal with, to some degree we're all outsiders, but on other senses we all fit in, even if it's in the truth that we all are unique limited human beings. 

the thing is, we'll never find another sample of us and that's wonderful! Imagine what life would be like if, instead of trying to be or look like someone else, we put that effort into becoming ourselves and embracing our uniqueness! Now, that sounds pretty good to me. What if instead of trying to shape ourselves and others into what we think we and they should be, we encouraged ourselves and our friends to be what they feel comfortable and called to be? Fully wearing their own skin, stepping into the path that is their own with no hesitation or regret.

This is surely one thing I gained from challenging myself to live as I say I believe and giving a shot at my curly hair: the awareness of who I am and of how beautiful people are in the little details that make them be who they are. It's been the heck of a journey. So many changes. I've had to learn to be on my own team, to protect myself from my inner critic and to stand my ground on what I truly believe and want for me and others. It's been truly life changing. 

It hasn't been about my hair as much as it bas been about self-discovery. what a blessing to desire nothing but to be yourself and to be intentional about it! and how healing it is to understand that who we are goes beyond what we look like or what accomplishments we have. 

So, while I think it's awesome and empowering to have a community online and to have access to so many great ideas and people, I consider necessary to find balance and to hold back on the temptation of comparing ourselves to others. It's a dialectic relationship, belonging and fitting in vs. appreciating our differences and embracing our uniqueness. 

We can all serve as inspiration and encouragement to the people around us because we all have influence over people, regardless of noticing it or not. However, I think the best way to achieve that is by being true to ourselves and others and loving ourselves and others genuinely. 

As cliche as it is, there's no greater transforming power than love. So love freely, empower people and remember that no lipstick is more beautiful than a smile followed by encouraging words, no cleavage is hotter than a compassionate heart and nothing speaks louder than the silence of our loving actions towards others and towards ourselves. 


sábado, 17 de janeiro de 2015

self-image and relationships.(english below) // auto-imagem e relações.



a maioria das minhas inseguranças com minha imagem corporal foram causadas, grande surpresa!, por comentários de outras meninas e mulheres ao longo da minha infância e adolescência. não é tanto o que elas disseram, mas muito de como elas disseram. de certa forma, acho que é seguro supor que elas estavam só querendo se reafirmar e não me colocar pra baixo. eu entendo. somos todos vítimas de algum padrão arbitrário que nos foi imposto. daí tendemos a lidar com isso passando a vergonha pra frente pq, eu acredito, nunca fomos, na verdade, destinados a carregar essa vergonha. 



minhas amigas de infância/adolescencia estavam dizendo meramente o óbvio e é exatamente por isso que doía tanto. como se o obvio fosse ruim. como é que eu podia alcançar outra coisa além do obvio que eu tinha recebido geneticamente? 'teus peitos são muito pequenos.' ' teus ombros são muito largos!. 'teu cabelo é muito volumoso!' 'tua testa é muito grande.' 'a bolinha do teu olho é muito pequena. deixa a parte branca muito grande.' 'tu é muito alta.' 'tu é muito magra.' sério. ouvi todas essas coisas crescendo. e sabe o que? eram todos comentários legítimos, exceto pelo 'muito' na frase. sabe por que? pq todo 'muito' vem acompanhado de uma comparação e toda comparação é a medida de algo contra um outro algo. isso simplesmente não faz sentido pq, ao passo que existem muitas outras mulheres no mundo, só existe uma Lici. só existe uma você. então nossos padrões deveriam ser nada além de nós mesmos, estou certa?

nossa meta deveria ser alcançar o que NOS faz sentir confortáveis pq, no fim das contas, nós somos as únicas que temos que viver conosco pro resto da vida. pra que isso ocorra, a gente tem que saber quem a gente é. pra só a partir disso, sabermos o que queremos. Eu, sinceramente, espero que onde quer que minhas amigas de infância/adolescencia estejam agora, elas tenham chegado a mesma conclusão que eu. simplesmente porque é libertador. tem algo de majestoso em aceitar quem se é em todos os aspectos do ser. Uma força poderosa é inflamada e, sem dizer uma palavra, você autoriza e convida outros a abraçarem a plenitude de quem eles são e serem a forma mais autêntica de beleza que podem ser: eles mesmos.

Senhoras, eu meio que acho que esse mundo já tem dificuldade demais pra gente ficar colocando umas as outras pra baixo enquanto buscamos ai fora o que já temos aqui dentro. Você já tem o que precisa. não tem nada pra provar ou alcançar além do que você mesma decidir pra o seu próprio bem, saúde e bem-estar. e se alguém não consegue te ver por quem você é, eles, possivelmente, ainda estão apenas comprando as mentiras que a gente vende uns aos outros pela mídia. é provável que eles estejam sofrendo pra se aceitar também. seja gentil mas nunca se desculpe por quem você é. se alguem se ofender por causa do seu cabelo, da cor da sua pele ou do seu peso, isso diz mais sobre eles do que sobre você. e se vc quiser mudar de um jeito ou de outro, muda, ora. você foi criada livre. você foi criada de forma maravilhosa. você foi criada bonita. 'meu bem, você é puro amor!' ;))

adendo: ladies, príncipe encantado e super heroi só existe em estorinha pra criança, viu? realidade é bem melhor que um par de olhos bonitos e um protetor superpoderoso, tá? e se vc não conseguir ver além disso vc tá se sabotando e se direcionando pra desapontamento.

e gentlemen, se vocês têm esperança de viver uma relação honesta, saudável, satisfatória e com intimidade um dia, eu sugiro fortemente que você não espere nenhuma princesa estilo amélia, estrela pornô ou modelo da Victoria Secrets na vida real porque nem elas mesmos podem concretizar as expectativas que elas são montadas pra alimentar e projetar.

Não tou dizendo que a pessoa não pode ter preferências, tudo que tou dizendo é que preferências e opiniões não são argumentos fortes o suficientes pra sustentar qlqr tipo de vergonha opressora, maus-tratos e imposição de td e qlqr expectativas irreais ao outro. na verdade, nada é.
e se vc não consegue conceber uma vida sem listas, eu sugiro que vc mude um pouquinho o foco de expectativas específicas pra padrões qualitativos. só não esquece de NÃO esperar mais do que você pode oferecer. 
kiss emoticon


mas assim..
De onde as convicções que vc tem sobre si e sobre os outros vêm?


most of my body image issues were caused by, surprise surprise!, other girls and women's comments, especially growing up. it's not so much what they said at times, but how they said it. in a way, i think it's pretty safe to assume they were just trying to reassure themselves, not to bring me down. i get it. we're all some imposed arbitrary template's victims and the way we tend to deal with it is by passing on the shame coz, I believe, we were never meant to carry that shame anyway.

my girlfriends growing up were merely stating the obvious and that's exactly why it hurt so much. as if the obvious was bad. how could I reach out for anything but the obvious as a teen if the obvious was all I had been dealt? 'your breasts are too small' 'your shoulders are too large' 'your hair is too voluminous' 'your forehead is too big' 'your eyeball is too small. it makes the white part look too much' 'you're too tall' you're too skinny' no joke. those are things i grew up hearing. and guess what? they are all legit, except for the "too" in them all. you know why? coz every 'too' comes accompanied by a comparison and every comparison is a measure of something against something else. that simply does not make sense because, whereas there are many other women out there, there's only me. there's only one you. so our standards should be nothing but ourselves, am I right?

our goal should be to reach what makes US feel comfortable because, at the end of the day, we're the ones who have to live with ourselves for the rest of our lives. in order for that to happen, we must know who we are. and only then we can find out what we truly want. I sincerely hope wherever my then girlfriends are now, they've arrived at the same conclusion as me. simply because it's freeing. there's something majestic about accepting who you are in every aspect of it. A powerful force gets ignited and without one single word you authorize and invite others to embrace the fullness of who they are and be their most authentic form of beauty: themselves. 

Ladies, I kinda think this world has enough hardship in it for us to go on bringing each other down while searching on the outside for what we already have inside. You have got it. There's nothing to prove or achieve but what you decide so for your own good, health and well-being. and if anyone else can't see you for who you are, chances are they're just still buying the lies we sell each other through the media. they might be suffering a whole lot to accept themselves. be kind but never apologize for who you are. if anyone gets offended by your hair, the color of your skin or your weight, that says more about them than about you. and if you feel like changing one way or another, heck, do it! you were created free. you were created marvelously. you were created beautiful. sugar, you're pure love! ;)) 

while we're at it. ladies, prince charming and superheroes exist only in stories for children. reality is much better than a pair of gorgeous eyes or an almighty protector, I tell ya! if you can't see past that you're sabotaging yourself and setting yourself up for disappointment.

and gentlemen, if you have any hopes of having a healthy, honest, fulfilling and intimate relationship one day, I'd strongly suggest that you expect no princess, porn stars or Victoria Secrets supermodels in real life coz even them can't live up to the expectations they're set up to put forward and feed.

I'm by no means saying one can't have preferences, all I'm saying is that no one's opinion is a strong enough argument to support shaming and mistreating and unrealistic expectations imposed on others. actually, nothings is.
and if you can't conceive a life without a list, I suggest you shift from specific expectations to quality standards. just don't forget NOT to hope for more than what you can offer 
kiss emoticon


and hey..
where do the convictions you have about yourself and about others come from?



foto por: Jamille Lima

sábado, 7 de junho de 2014

Taaaarde.


a vida não é um ensaio.

antes assim, com band-aids e histórias e doídos e doidices.
e mudanças e casulos e mais!, transform(a)ção.
antes pulsando. 
e sendo.

porque a alma é grande, meu bem.
bem maior que minhaflição, meu coração. 
e colorir a ação é parte de viver.

anima-te! dá ânimo ao hoje.
e um pouquinho assim de
amor.
que já cura um tantão assim de
ontens e do que se esvaio. 

antes pulsando. porque
a vida… ela não é um 
ensaio.

e o hoje vai fazer falta amanhã se você
não
viver.


sexta-feira, 30 de maio de 2014

ciclos

Todo fim é um novo começo. De um jeito ou de outro. é só saber enxergar. hoje, ao encerrar alguns atendimentos e colocar em suspensão outra relação, senti isso. não saber o que está à frente dá um frio na espinha. mas isso não pode enrijecer o espírito, fazer parar o coração e prender o movimento. só há equilíbrio no movimento. e, mesmo tendo encerrado tantos ciclos e começado tantos outros, ainda não me acostumei com a súbita sensação de vazio e de temor que me acomete quando o desconhecido bate à porta. no entanto,  quando atrelado ao medo vem aquela sensação de liberdade e de dever cumprido, sei que valeu a pena. e, cada vez mais, me pego pensando em obviedades como:  há que se conhecer a si mesmo; há que se viver tudo que há pra viver; há que se permitir e integrar erros e acertos como parte de si, do processo; há que se permitir e responder a si mesmo por todos os atos e escolhas com responsabilidade e empoderamento. pq tudo isso, cada pequena decisão do dia-a-dia, consciente ou não, é justamente o que desenha o caminho que trilhamos e é o que nos faz ser quem somos. e se o caminho é meu, deixa eu seguir, deixa eu viver. deixa doer, mudar e renascer. cada vez mais. sempre e novamente. pq, como disse o querido Cezar Wagner numa aula da qual jamais esquecerei, só há equilíbrio no movimento. 

de dentro de um carro a caminho de wagga wagga 

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Portas Abertas


A ideia inicial da série Inspire-se! era que histórias que me tocaram de alguma forma fossem compartilhadas aqui para que pudessem incentivar novos sonhos no coração de quem lê esse espacinho. Sendo assim, ao saber que Aline Campbell estaria em Fortaleza, tratei de entrar em contato com ela pra conversarmos sobre uma possível entrevista. Ela muito prontamente respondeu e aconteceu que ela ficou na minha casa por alguns dias. Foi tudo meio inusitado. Um dia antes eu estava a navegar pela web pesquisando temas e casos pra me inspirar e começar este bloguinho. Vi a entrevista dela em um outro blog e achei a história de sua viagem à Europa no mínimo inusitada. Não é todo dia que alguém sai por ai se jogando no mundo sem a 'segurança', muitas vezes ilusória, que o dinheiro dá.

A artista plástica viajou a Europa e encontrou acomodação através do couchsurfing, site que possibilita que pessoas cedam seu 'sofá' pra mochileiros e que haja, assim, a troca de experiências e o possível início de uma amizade. Sua experiência positiva com o site durante o período que ficou no Canadá a encorajou a tentar novamente na Europa, em sua viagem fantástica. Fiquei curiosa pra saber mais sobre os motivos que a levaram a viajar desta forma e a compartilhar a jornada com o mundo.

Aline é uma figura forte. Seu cabelo médio raspado e suas botas imponentes são parte de sua personalidade questionadora. É improvável passar por ela sem percebe-la. No entanto, a parte mais curiosa do encontro inicial ficou por conta de Saga, seu cãozinho. Acredito que nada resuma melhor o conjunto de seus ideais que Saga. O Weimaraner de 4 meses é um sapeca. Possui a doçura de um filhote e a vivacidade de quem não conhece impossibilidades. Está sempre aberto a se relacionar com as pessoas e bichanos que encontra pelo caminho e floresce ao encontrar uma aventura pela frente. Saga tem a felicidade de experienciar a vida e de sentir-se livre. Ao falar de Saga estou, certamente, falando, também, de Aline.


Pensando sobre a tal entrevista que fomentou nosso encontro, acabamos concordando que, mais que falar sobre suas viagens e histórias, o que faria sentido para o meu blog seria falar sobre como a atitude e estilo de vida de Aline  tem exercido um impacto sobre a vida de outros e sobre como foi a minha experiência com ela e Saga.
Ela deixa claro em suas postagens no facebook que seu objetivo é fazer o projeto conhecido e espalhar as novas para, assim, demonstrar que existe sim bondade nas pessoas e que é possível se libertar de algumas cadeias impostas pelo sistema. Portanto, em seu trajeto, Aline aproveita cada oportunidade que tem de explicar a ideia do projeto e isso a levou a dar palestras em universidades, a conhecer as mais diversas pessoas e comunidades, a pegar carona com caminhoneiros, participar de programas de televisão, sair em matérias de revistas e a conhecer, em cerca de um ano (contando as viagens da Europa e do Brasil), mais do que muitos conhecem em uma vida inteira.

Todo mundo já sabe que Aline viajou a Europa sem um tostão no bolso e que fez essa proeza a partir da convicção de que as pessoas estariam dispostas a ajudá-la. Ela acreditava que havia mais para se viver do que a mídia diz ser possível e que o mundo é maior do que podemos capturar em nosso entendimento mediado pelas informações que acessamos nos veículos de comunicação. A viagem ao velho mundo foi uma experiência tão positiva que ela decidiu repetir a dose no Brasil. Dessa vez não viajava sem dinheiro mas o propósito continuava o mesmo: demonstrar o poder de conhecer as pessoas e de confiar no mundo. Apesar de receber algumas críticas ela permaneceu firme em seu objetivo e continuou a trilhar seu caminho segura de suas convicções, mas adicionando um tempero a mais: Saga. O que poderia causar um maior estranhamento que uma mulher viajando o Brasil(!) - com todo o estigma da violência e insegurança- e se locomovendo com seu Weimaraner através de caronas dadas por estranhos?

Em uma das conversas que tivemos, ela afirmou que a presença de Saga em suas viagens tem demonstrado como a sociedade - que, em geral, considera o cachorro o melhor amigo do homem, muitas vezes, não o trata de uma forma justa. Foi curioso observar como as pessoas estão sempre tão próximas de seus animais de estimação mas de uma forma tão desigual e, paradoxalmente, distante. Como, apesar de estarmos sempre tão prontos para declarar amor pelos animais, muitos de nós não sabemos nos relacionar com a natureza como um todo. Não sabemos respeitá-la e interagir com ela de uma forma saudável.

O que mais me chamou atenção em Aline foi a sua atitude autêntica e seu modo espontâneo de levar a vida. Ao contrário do que muitos podem pensar, ela não é uma pessoa desajustada e sem noção das coisas. Muito pelo contrário, ela tem um senso de urgência, propósito, planejamento e execução invejáveis. Ela se adapta as mais diversas situações sem perder sua essência. Em suas viagens procura conhecer as pessoas com quem fica mais do que locais turísticos e nos tempos livres está sempre trabalhando em seu livro, organizando parcerias e estruturando seu projeto. Sua atitude é de uma abertura a oportunidades.

Está constantemente atenta aos que estão ao seu redor e aos acontecimentos que podem contribuir para o crescimento de seus ideais. Ao mesmo tempo em que maneja muito bem suas demandas financeiras e estruturais, não só em seu trajeto, mas também em casa no Rio de Janeiro, ela está sempre disposta a enfrentar o novo e agregar o inesperado ao seu projeto. Aline sabe o que quer e trabalha com os recursos que tem para chegar lá. Seus planos e sonhos parecem estar sempre em mutação. Adaptabilidade é, de fato, a palavra que melhor definiria sua atitude para com o mundo e, se Raul fosse vivo, suspeitaria que se inspirou nela para escrever Metamorfose Ambulante
Ela cuida muito bem de seu cão sem privá-lo da experiência de ser um animal livre e feliz, e trata com equilíbrio suas críticas e desafios. Vale ressaltar ainda, que, ao contrário do que pode parecer ao olhar desavisado, Aline sabe priorizar suas atividades e necessidades. No meio de toda mudança, permanece sempre em contato com os pais e atenta ao que pode oferecer e construir onde estiver. Ela mencionou que, de início, os amigos e a família não compreenderam muito sua decisão de viajar por ai dessa forma, mas aos poucos foram se alinhando e apoiando seu projeto.

De forma geral, creio que os maiores méritos de Aline em seu projeto são a coragem para enfrentar situações inusitadas e a abertura a um estilo de vida em paz com a falta de controle sem perder o senso de propósito e a atitude pro-ativa. Aline tem encontrado em suas andanças uma oportunidade para reformular seus projetos, ampliar seus ideias e se conectar às pessoas e ao mundo. E sua atitude questionadora e, muitas vezes, polêmica, me parecem necessárias nos dias de hoje. E um outro traço bastante louvável é sua atitude de confiança, no mundo, nas pessoas e em si mesma. Certamente, Aline sabe quem é e a que veio. Sente-se segura em suas escolhas e não deixa com que o medo e os desafios do caminho (que aparecem, inevitavelmente) a abatam. Seu foco está sempre voltado para a solução e para que desfrute de suas experiências. Para estar onde está e para fazer o melhor com o que tem no dia de hoje. É impossível estar perto dela e não se afetar em algum nível com a maneira como ela se porta no mundo. Seu posicionamento inspira reflexão e mudança, de um jeito ou de outro.

Abaixo algumas fotos do dia em que exploramos um pouquinho alguns locais de Fortaleza:


quinta-feira, 8 de maio de 2014

Sobre como uma viagem pode mudar sua vida por completo!

Começa hoje a série 'Inspire-se!'. Nessa série, contaremos o relato de várias pessoas que viajaram e modificaram o mundo e a si mesmas de alguma forma. Os nomes da lista foram escolhidos com muito carinho e por motivos bem específicos. A ideia é que possamos alargar nossos horizontes através dos olhares dessas pessoas incríveis. cada história conta um pouquinho sobre os sonhos delas e como fizeram para atrelar suas aspirações e ideias a propósitos maiores! 

e essa é a história da Lorena, uma menina de 20 anos que tem levado beleza e motivação por onde passa, com seu sorriso largo e seu coração cheio de disposição! 

* * *

Eu me chamo Lorena Stephanie, tenho 20 anos. Sou cearense, estudo Psicologia e sou apaixonada por trabalhar com pessoas. Comecei a realizar trabalho voluntário oficialmente aos 18 anos e foi quando eu aprendi que quanto mais tempo eu invisto em uma causa que acredito, mais eu cresço e me desenvolvo como profissional e como ser humano.

Entrei na Universidade aos 17 anos e estava descobrindo um mundo novo, procurando por desafios que me tornassem uma pessoa melhor. Foi então que fiquei sabendo que uma prima minha tinha ido para a Romênia desenvolver um projeto social na área de Educação Cultural, achei aquilo incrível, principalmente quando conversei com ela sobre as diferenças culturais que ela tinha vivido, sobre o domínio de um novo idioma e outras experiências que ela viveu por lá.

Então, ela me apresentou a AIESEC, uma organização global, sem fins lucrativos,  gerida inteiramente por jovens universitários, que promove experiências internacionais com o objetivo de desenvolver liderança em jovens para alcançar a paz mundial e o desenvolvimento das potencialidades humanas. Uau.

Realmente me conectei bastante com a proposta da organização e era exatamente o que eu estava buscando, me desenvolver enquanto desenvolvia outras pessoas. Lembrei bastante de uma frase do Aristóteles que diz “onde cruzam meus talentos e paixões com as necessidades do mundo, lá está o meu caminho." (Aristóteles)

Foi então que eu decidi buscar a AIESEC e fazer meu intercâmbio voluntário. Talvez não fosse o melhor momento da minha vida, talvez eu não tivesse tanto dinheiro assim, mas se eu não tomasse uma decisão, nunca ia acontecer. Lembro que a partir disso, foi tudo muito rápido, logo entrei no sistema e comecei a buscar meu projeto.

Eu queria ir para a África, encontrei projetos bem legais lá, mas um dia estava pesquisando em grupos internos da AIESEC e vi uma postagem de uma brasileira muito feliz por ter ido pra India. Parei pensei em voz alta, “India.” Por que não? Já tive que explicar algumas vezes porque eu escolhi a India e a explicação mais sincera é que a India que nos escolhe. Lembro que fui conversar com a minha mãe e disse: “Mãe, vou pra India.”  E ela respondeu: “Pra onde?” com aquela esperança de mãe que eu pudesse dizer algum destino menos exótico.




Quando eu dizia com completa empolgação para os meus amigos, que estavam sonhando em ir pro Canadá ou pros EUA, que eu estava indo pra India por dois meses para realizar um projeto social, eles não entendiam muito bem. Foi, então, que durante as férias do meio do ano de 2012, eu agreguei uma experiência fantástica ao meu currículo e a minha história de vida.

Então, aos 18 anos eu entrei na AIESEC como membro e realizei o meu intercâmbio social pra a India, onde desenvolvi dois projetos, um na área de Educação Cultural e  o outro na área de Direitos Humanos.

A Índia é um país completamente diferente e por isso tão especial, além de ter convivido com pessoas de diversas nacionalidades durante o meu projeto, também tive a oportunidade de viver em um país com diversas religiões, línguas, comidas, tradições, bem diferentes do que eu acostumava a ver no Brasil. Todo esse choque cultural me fez entender que mesmo que as pessoas pensem, ajam e se relacionem de maneira diferente, no final somos todos cidadãos do mundo.

O mais importante de toda a experiência, com certeza, foi a mudança, mesmo que pequena em um primeiro momento, que o meu trabalho impactou na vida de pessoas lá. No meu primeiro projeto, eu dava aula sobre cultura brasileira para crianças de algumas escolas de Calcutá. Era muito interessante vê-los descobrindo sobre a cultura de um país tão atrativo como o Brasil e me oferecendo em troca todo o carinho da cultura indiana. Até hoje mantenho contato com muitos dos meus alunos e alguns conversam comigo algumas pequenas frases em português, pois se desafiaram a aprender depois que eu estive lá.

Já o meu segundo trabalho era ensinar inglês para crianças carentes de 3 a 5 anos em um ONG. Essas crianças estavam morando lá integralmente e tinham sido tiradas das ruas, da guarda dos pais por abuso ou mal tratos ou por diversas outras razões que nem vale a pena lembrar. Quando eu mostrava no globo de onde eu era, elas me perguntavam se eu tinha vindo do outro lado do mundo só pra cuidar delas. Foi nesse momento que eu percebi que não precisava ter um background extenso para estar ali, mas ser um outro ser humano preocupado em oferecer algo bom pra elas e em troca ganhar uma experiência muito rica de transformação pessoal. Esses momentos me ajudavam a me manter bastante motivada a realizar o meu trabalho!

Bom, essa é um pouco da minha história de intercâmbio, como a de muitos outros jovens que resolveram sair das suas zonas de conforto e liderar a sua jornada mundo a fora.

Hoje, aos 20 anos, sou Presidente da AIESEC em Fortaleza e lidero quase 100 jovens, além de já ter tido a oportunidade de representar a AIESEC em alguns países, como México, Rússia, Bélgica e o próximo destino será Taiwan. Os meus próximos passos de carreira ainda estão conectados com a AIESEC, a conclusão da minha faculdade e continuar trabalhando com algo que gere uma mudança positiva no mundo.


fotos: acervo pessoal




Lorena Stephanie (lorena.stephanie@aiesec.net)

* * *

Se você se interessou e quer saber mais sobre o trabalho que a AIESEC desenvolve, veja clicando aqui! 

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Outro texto sobre ter vinte-e-poucos anos

Sim. permita-me ir direto ao ponto. É meio aterrorizante. Como se tivéssemos que andar sozinhos e, apesar de existirem cadeiras para nos apoiarmos, elas estarem mais escorregadias que nunca. Talvez você não tenha a mínima ideia de qual direção seguir - mas dessa vez, a direção aparenta significar muito mais. todas as decisões, de repente, parecem importantes.

Você quer se jogar por ai. Você quer ser destemido e criativo, como dizem que você deve ser para realizar algo. Aos invés disso você senta em casa encarando uma janela e desejando viver a vida de outra pessoa. o fato é, é tempo de crescer. para alguns de nós quase passou do tempo.. no entanto, o que exatamente isso significa? ainda estou tentando decifrar - e suspeito que muitos estão fazendo o mesmo. é ter seu próprio negócio? possuir uma casa? ter um trabalho estável? casar? ser independente financeiramente? terminar a faculdade? morar fora? ter filhos? ser voluntário? ser um palestrante em um ted-x? começar uma ong? enxergar paralém de si? Não sei. não existe nenhum rito de passagem esses dias, no entanto, existem tantas referências..

Eu sei o que minha experiência diz. Meus vinte e poucos não são nada como previ e agradeço pela maior parte. O que é inesperado pode ser desconfortável mas pode, também, ser exatamente o que você precisa pra se encontrar. Com o tempo, percebi que quanto mais tento me encaixar em moldes e padrões, mais ansiosa e pressionada me sinto. O fato é que ter vinte e poucos é sentir a realidade de forma mais intensa. Começamos a ter menos tempo para os encontros com amigos, receamos não ser capazes de honrar nossas obrigações financeiras com aquele emprego super mal pago, e estamos, constantemente, nos comparando com o que vemos na internet, na mídia, com o que esperam que sejamos, com a vida de outra pessoa. 

De repente, estamos nos preocupando com poupanças, planos de saúde, segurança financeira, ter uma família, retribuir o que nossos pais investiram na gente, comprar uma casa, conseguir uma promoção no trabalho, comer de forma saudável, e a lista continua. De repente, estamos indo ao casamento de amigos, nos exercitando com mais frequência pra que as costas não doam, nos sentindo completamente por fora do mundo da música teen, tendo dificuldade pra lembrar de tantos compromissos, comprando presentes para os afilhados, escolhendo ficar em casa no sábado a noite pra descansar depois de uma semana sufocante no trabalho. Então a vida começa a parecer uma grande lista de coisas a fazer. e essa lista parece necessária para mantermos a vida na linha e conseguirmos alcançar o que nos foi ensinado almejar.

É verdade que nós temos que lidar com nossas inseguranças e, que é esperado de nós que tenhamos um nível decente de maturidade para lidar com a vida e seus desafios de forma positiva. Entretanto, um número não muda tudo magicamente. O fato é que agora temos que agir de forma responsável - porque a vida exige isso- mas não significa que é uma transição fácil. A pressão pode tornar-se insustentável e todos os 'deveria's podem te impedir de simplesmente aproveitar onde você está. Se existe uma coisa que aprendi com meus vinte-e-poucos é que moldes nunca te levarão ande você quer chegar. E seguir o caminho de outra pessoa enquanto você ainda está tentando definir o que é exatamente aquilo que quer, não vai te ajudar também. Nossa vida não deve ser sobre o-que-deveríamos-fazer, porque, com frequência, o-que-deveríamos-fazer remete-se a algo que alguém impôs a nós - possivelmente com as melhores intenções. O-que-você-deveria-fazer só faz sentido se o que vem depois é o que você quer. O-que-você-deveria-fazer tem que ser o seu plano para realizar o que você quer, baseado no que te mobiliza, na sua paixão.

Mas saiba que você não está sozinho. Saiba, também, que você está destinado a ser quem você é. Saiba que você se encontra no seu próprio trajeto e que ninguém mais deveria ser permitido te dizer com o que esse trajeto deveria se parecer. Saiba que o que é essencial na sua vida é o que você precisar que seja e que isso pode mudar, quantas vezes você achar necessário. E saiba que, independente de sentir-se pronto ou não, você está bem. você é livre. para viver, para amar e para se aceitar. Não existe necessidade de questionar a sua própria confiança ou de duvidar de si mesmo - acredite, muitos irão fazer isso por você. Desfrute de ser você mesmo. Preste atenção aos medos e às dúvidas, sim, mas não os deixe impedir de seguir em frente. Acolha os erros, pois eles vão te ensinar lições valiosas. Se for preciso, chore bastante quando sentir que falhou, até os olhos arderem. É bem verdade que são necessárias algumas quedas antes de conseguirmos andar firmemente com nossos próprios pés. Empenhe-se e lute por algo maior, e tenha grandes metas e sonhos - mas, por favor, não esqueça de desfrutar do hoje, mesmo que ele não seja ainda tudo que você desejou que fosse. Você está, de fato, crescendo - e se tornando mais você mesmo, eu espero - mas o que eles quase nunca te dizem é que sempre existirá espaço para crescimento. Então, se desapontar consigo por suas falhas, falta de maturidade, erros e imperfeições serão sempre parte do pacote. Porém. eventualmente, espero que mais cedo que tarde, nós todos nos tornamos mais confortáveis conosco. Nos tornamos mais confiantes para fazer nossas escolhas e mais livres para aproveitar o que realmente importa na vida. E isso pode ser qualquer coisa, contanto que seja significativo para você!

Beber o café da sua avó, dançar sozinho no seu quarto, observar o pôr do sol em sua cidade, viajar o mundo, se casar, aprender uma nova língua, adotar um animal de estimação, escrever um livro, ligar para amigos que não vê há muito, se apaixonar, pedir demissão, voltar pra faculdade, começar a desenhar, pintar o cabelo de azul, falar com estranhos na parada de ônibus, fazer música, fazer todas as alternativas acima ou nenhuma. Talvez ler menos textos como esse, talvez escrever o seu próprio. mas o que quer que você faça, que esteja ali, onde está, por completo, não interessando a sua idade, não interessando quão receoso você se sente, apenas viva e abrace a espontaneidade e a vulnerabilidade que outrora pareceram tão incômodas.

O que você está construindo agora pode ser maravilhoso, mesmo que não se pareça com o que você vê no instagram. Não se precipite com nada só porque parece que você deveria. Tá tudo bem assim e a vida é sua! Lembre-se, não existe necessidade nenhuma de esperar pela próxima experiência grandiosa para ser feliz. Repita isso para você mesmo, quantas vezes achar necessário até que acredite. Isso vai te ajudar a sentir-se grato e suficiente. Afinal de contas, as bobagens do dia a dia são provavelmente as coisas que apreciaremos mais, no fim da jornada. É necessário tempo, coragem e paciência para se chegar em algum lugar e para ser você mesmo, mas a liberdade que isso traz vale todos os altos e baixos do caminho. Uma vez que você começa a se aceitar e acolher as suas imperfeições e pontos fortes - e as suas imperfeições como pontos fortes!, você começa a viver mais livremente. O seu caminho é único e se torna o que te faz verdadeiramente vibrar. Independente de um número, nós somos todos livres e existe muita beleza em simplesmente ser. Existe beleza em desfrutar.

Não quero com este texto dizer que tudo nos é possível, magicamente, ao simplesmente queremos. Principalmente numa realidade como a nossa, no Brasil. Talvez minha maior pretensão seja a de simplesmente lembrar a mim mesma que, às vezes, um passo para frente ou para trás é exatamente o que precisamos para nos inspirarmos, nos mais diversos sentidos. Encher o pulmão de ar pode arejar pensamentos, alargar veredas, direcionar olhares e nos impulsionar a trilhar e construir nosso caminho como deve ser: livre e nosso. e pode, ainda, nos ajudar a melhorar, um pouquinho que seja, o dia e o caminho de alguém. Esse é um dos mais bonitos mistérios que notei: ao sermos íntegros e congruentes conosco, e ao perseguirmos nossos sonhos com fé, impulsionamos e impactamos a vida de outros e construimos juntos, cada um a seu modo, um lugar mais bonito e justo.

Imagem: facebook

domingo, 27 de abril de 2014

sobre as aspirações que tinha com 15 anos.

oversharing at an old age ou elaborando angústias. 

Quando eu tinha 15 anos, achava que sabia de tudo. Eu tinha uma lista de coisas que gostaria de realizar e eu sabia exatamente como minha vida seria, porque eu faria acontecer como o planejado. É uma coisa engraçada a ingenuidade dos jovens. Eu acabei de completar 26 anos e eu não me casei ainda, ou tive gêmeos, ou mesmo um cachorro, eu ainda não me formei, então eu obviamente não tenho minha clínica. 

No entanto, eu viajei parte do mundo, conheci pessoas incríveis e inspiradoras, aprendi sobre novas culturas e vi coisas que nunca pensei que existissem. Estive nos lugares mais fantásticos e também em alguns dos mais tristes. Aprendi a cozinhar e a pedir ajuda humildemente quando preciso - ainda um trabalho em andamento. Senti vontade de desistir muitas vezes, fui mais longe do que pensei ser capaz, me orgulhei de mim mesma e me desapontei de maneiras que não posso descrever. 

Tenho crescido e mudado, e tenho sido tocada por pessoas lindas que apareceram no meu caminho de um jeito ou de outro. Já tive meu coração roubado por pessoas maravilhosas que conheci; pessoas que são resilientes e alegres sob circunstâncias muito cruéis. Não aprendi, entretanto, como ser forte mas aprendi que eu preciso apreciar minha vulnerabilidade e achar paz em minhas fraquezas - pois Ele é feito forte em mim através delas. Mudei de ideia um milhão de vezes e de novo. Guardei meus princípios e amei de uma forma bem mais profunda que antes. Tive que me submeter a pessoas e a circunstâncias, e esses foram os mais difíceis e gratificantes momentos nessa jornada até agora. 

Encontrei-me em casa estando em casa - que graça! e fiz morada no coração das pessoas também. Aprendi novos passos de dança, novas citações, novas matérias, novas virtudes e novos hábitos ruins também. Chorei ao ver crianças sendo maltratadas e senti imensa alegria ao ver famílias no parque. Perdi e achei a mim mesma nas pessoas e em situações, e me transformei em algo novo. 

Senti-me desesperada, imatura, despreparada e chateada mas também vi como posso fazer a diferença se eu me abrir e amar livremente. Senti o toque de Deus em todos os lugares, e de formas que nunca pensei poder experienciar. Escalei um vulcão quando achava que não podia caminhar uma milha, e pulei da beira de um precipício metafórica e literalmente. senti-me indigna de tantas coisas boas praticamente todos os dias. senti-me, também, frustrada por trilhar um caminho tão diferente do que havia planejado - apesar de todas as maravilhas que vieram com ele. 

Acho que o que estou tentando dizer é que a vida é, de fato, o que você faz dela. Contudo, não é nunca uma lista e não é nunca definida por grandes realizações e marcos. A vida é aqui e agora. A vida é todo dia e nosso valor não está no que fazemos, apesar de fazermos algo com nossa vida ser muito importante. Nosso valor está em nós mesmos. em quem somos lá no fundo. Em como tratamos os outros e como tratamos a nós mesmos. e, acima de tudo, nosso valos está no amor infalível de Deus

As bobagens do dia-a-dia são os momentos mais preciosos. Aqueles dias em que assisti a um filme em casa com amigos, ou os dias que fui ao parque ler um livro, ou os dias que fiz xixi nas calças de tanto rir das brincadeiras da minha mãe, ou ainda os dias que passei discutindo business com meu pai mesmo sem entender nada de sólido do assunto. Os dias em que me senti entediada no trânsito, e os dias que cheguei atrasada na aula. Os telefonemas rápidos no meu aniversário, a milésima tentativa de tirar uma foto decente com minhas amigas, minha família no aeroporto me dando as boas-vindas com tanto afeto e dedicação, as cartinhas escritas à mão e os presentes feitos em casa, esses são meus verdadeiros tesouros. 
É claro que aproveitar a vida por ai riscando coisas da minha lista foi e é muito excitante. É claro que não viver a lista que elaborei aos 15 anos é frustrante, às vezes, mas o que estou aprendendo aos poucos, nessa velha idade dos 26, é que o que eu vivo derrama algo em mim mas não me define; e vida real está aqui tanto quanto está lá fora. Entretanto, esperar que a vida comece 'quando' e 'se' não será satisfatório. Satisfação e gratidão devem ser achados e criados onde você está. hoje. porque, por mais cliché que seja, é isso que verdadeiramente temos. 

e se eu pudesse dizer algo para a lici de 15 anos, seria: não se baratine com frequência, as coisas vão se resolver e você vai evitar algumas rugas. Aprenda a confiar em si e em Deus o mais rápido possível, porque você vai precisar disso quando os desafios chegarem. seja paciente com seus pais, mais cedo ou mais tarde você reconhecerá muito deles em você mesma. Ame a si e aos outros por gratidão. e nunca deixe que seus medos a impeçam de chegar aonde a sua fé pode te levar, mas lembre-se de apreciar a vida entediante da rotina, porque esses serão os momentos que farão mais falta se você deixá-los faltar e passar. 

escrito em: 6 de março de 2014.

foto por: Jamille Lima

sábado, 26 de abril de 2014

sobre estar só, eu sei. ♪

Há algum tempo eu li uma frase, atribuída a Clarice Lispector, que dizia: 


Eu lembro que, assim como tudo que me assusta, essa frase me fascinou. E, assim como quase tudo que me fascina, essa frase não tardou em trazer um sentimento de profunda ambiguidade. 

Ao mesmo tempo que eu pensava, 'que coragem incrível! que inveja!' eu sentia um medo desesperador de enfrentar essa solidão que ela menciona. Como assim a pessoa consegue ficar sozinha e se sentir plena? então, finalmente, me ocorreu algo bastante óbvio: não interessa muito com quantas pessoas você esteja, se não consegue ficar consigo não consegue ficar com mais ninguém.  

Refletindo sobre isso, pude perceber como é difícil manter um equilíbrio saudável nas nossas relações. Às vezes sinto ser quase impossível saber até onde ir com o 'amar ao próximo como a si mesmo'(a).  São tantos ensinamentos e recomendações sobre como viver, como conduzir relações e portar-se honrando uma moral que, às vezes, boas ações e um amor 'gratuito' tornam-se prerrogativas para uma exigência desleal para com o outro. de presença, de atitude, de reciprocidade, de ajuda, de amor. Não sei exatamente como alguns de nós chegam a essa condição, só sei que isso não é nada saudável ou compatível com as belas filosofias de vida que escolhemos. 

Creio ser absolutamente necessário doarmos tempo, dinheiro, presença, atenção, trabalho, amizade, confiança, afeto, enfim, um tantinho de nós mesmos ao próximo.. mas creio também que essa doação se torna impossível de ser sustentada quando não há, antes do outro, uma doação de si para si mesmo. Eu sei que pareço estar indo contra todos os princípios humanitários por ai difundidos, mas não estou defendendo uma vida egocêntrica. o que quero dizer de fato é aquele velho cliché: ninguém pode oferecer o que não possui - mas é muito possível que exijamos o que não oferecemos ou possuímos, com mais freqüência do que talvez queiramos admitir.

Lembro-me bem de uma conversa que tive com um colega num dia ensolarado à beira de uma piscina, há pelo menos 9 anos. ele argumentou que, próximo a sua morte, Jesus mudou seu discurso ao dizer 'amai-vos uns aos outros como eu vos amei' (a), pq ele sabia que a gente 'não sabia amar a si direito'. então era necessário que aprendêssemos sobre um outro tipo de amor. imagino se isso teria sido necessário se ele tivesse percebido em nós uma consciência maior de quem somos, do que precisamos e do que queremos fazer. parece-me que conhecer a si, estar consigo e amar a si mesmo é um dos pré-requisitos para estar com o outro e amar bem. certamente, existe algum efeito psicológico positivo na liberdade de ser congruente consigo mesmo e de sentir-se capaz de fazer escolhas conscientes. essas escolhas, suponho, culminam em algo parecido com um real comprometimento consigo e com os outros, e num engajamento genuíno. 

A partir disso, arrisco afirmar que talvez o melhor presente que podemos dar a alguém é dar-mos um tempo a nós mesmos. À nossas leituras, filmes, caminhadas na praia, projetos pessoais, viagens, sonhos e mundo particular. Sem nos enchermos de nossa individualidade real e celebrarmos nossa singularidade não conseguimos estar por inteiro no todo e não acrescentamos tanto quanto poderíamos se respeitássemos o que nossos talentos e traços peculiares são e podem produzir. 

Obviamente, concordo com o que Pasternak(c) disse, que 'felicidade não compartilhada não é felicidade', mas não há muito o que se compartilhar quando não se é, quando não se dá a si mesmo a possibilidade de estar seguro -até onde se pode, e inteiro, de não oferecer metades. Que estejamos por inteiro nas organizações, nas amizades, no trabalho, na família, nos amores, nos grupos e em tudo o mais que nos propusermos a fazer, e principalmente, em nós mesmos

(a) mateus 22:39
(b) joão 15:12
(c) Doutor Jivago