Sobre pessoas bonitas, inspirações, amores desmedidos, memórias, elaborações, viagens, fotografias e outros outonos. Sobre o que levo em meu coração, sempre. [licialves@gmail.com]

domingo, 27 de abril de 2014

sobre as aspirações que tinha com 15 anos.

oversharing at an old age ou elaborando angústias. 

Quando eu tinha 15 anos, achava que sabia de tudo. Eu tinha uma lista de coisas que gostaria de realizar e eu sabia exatamente como minha vida seria, porque eu faria acontecer como o planejado. É uma coisa engraçada a ingenuidade dos jovens. Eu acabei de completar 26 anos e eu não me casei ainda, ou tive gêmeos, ou mesmo um cachorro, eu ainda não me formei, então eu obviamente não tenho minha clínica. 

No entanto, eu viajei parte do mundo, conheci pessoas incríveis e inspiradoras, aprendi sobre novas culturas e vi coisas que nunca pensei que existissem. Estive nos lugares mais fantásticos e também em alguns dos mais tristes. Aprendi a cozinhar e a pedir ajuda humildemente quando preciso - ainda um trabalho em andamento. Senti vontade de desistir muitas vezes, fui mais longe do que pensei ser capaz, me orgulhei de mim mesma e me desapontei de maneiras que não posso descrever. 

Tenho crescido e mudado, e tenho sido tocada por pessoas lindas que apareceram no meu caminho de um jeito ou de outro. Já tive meu coração roubado por pessoas maravilhosas que conheci; pessoas que são resilientes e alegres sob circunstâncias muito cruéis. Não aprendi, entretanto, como ser forte mas aprendi que eu preciso apreciar minha vulnerabilidade e achar paz em minhas fraquezas - pois Ele é feito forte em mim através delas. Mudei de ideia um milhão de vezes e de novo. Guardei meus princípios e amei de uma forma bem mais profunda que antes. Tive que me submeter a pessoas e a circunstâncias, e esses foram os mais difíceis e gratificantes momentos nessa jornada até agora. 

Encontrei-me em casa estando em casa - que graça! e fiz morada no coração das pessoas também. Aprendi novos passos de dança, novas citações, novas matérias, novas virtudes e novos hábitos ruins também. Chorei ao ver crianças sendo maltratadas e senti imensa alegria ao ver famílias no parque. Perdi e achei a mim mesma nas pessoas e em situações, e me transformei em algo novo. 

Senti-me desesperada, imatura, despreparada e chateada mas também vi como posso fazer a diferença se eu me abrir e amar livremente. Senti o toque de Deus em todos os lugares, e de formas que nunca pensei poder experienciar. Escalei um vulcão quando achava que não podia caminhar uma milha, e pulei da beira de um precipício metafórica e literalmente. senti-me indigna de tantas coisas boas praticamente todos os dias. senti-me, também, frustrada por trilhar um caminho tão diferente do que havia planejado - apesar de todas as maravilhas que vieram com ele. 

Acho que o que estou tentando dizer é que a vida é, de fato, o que você faz dela. Contudo, não é nunca uma lista e não é nunca definida por grandes realizações e marcos. A vida é aqui e agora. A vida é todo dia e nosso valor não está no que fazemos, apesar de fazermos algo com nossa vida ser muito importante. Nosso valor está em nós mesmos. em quem somos lá no fundo. Em como tratamos os outros e como tratamos a nós mesmos. e, acima de tudo, nosso valos está no amor infalível de Deus

As bobagens do dia-a-dia são os momentos mais preciosos. Aqueles dias em que assisti a um filme em casa com amigos, ou os dias que fui ao parque ler um livro, ou os dias que fiz xixi nas calças de tanto rir das brincadeiras da minha mãe, ou ainda os dias que passei discutindo business com meu pai mesmo sem entender nada de sólido do assunto. Os dias em que me senti entediada no trânsito, e os dias que cheguei atrasada na aula. Os telefonemas rápidos no meu aniversário, a milésima tentativa de tirar uma foto decente com minhas amigas, minha família no aeroporto me dando as boas-vindas com tanto afeto e dedicação, as cartinhas escritas à mão e os presentes feitos em casa, esses são meus verdadeiros tesouros. 
É claro que aproveitar a vida por ai riscando coisas da minha lista foi e é muito excitante. É claro que não viver a lista que elaborei aos 15 anos é frustrante, às vezes, mas o que estou aprendendo aos poucos, nessa velha idade dos 26, é que o que eu vivo derrama algo em mim mas não me define; e vida real está aqui tanto quanto está lá fora. Entretanto, esperar que a vida comece 'quando' e 'se' não será satisfatório. Satisfação e gratidão devem ser achados e criados onde você está. hoje. porque, por mais cliché que seja, é isso que verdadeiramente temos. 

e se eu pudesse dizer algo para a lici de 15 anos, seria: não se baratine com frequência, as coisas vão se resolver e você vai evitar algumas rugas. Aprenda a confiar em si e em Deus o mais rápido possível, porque você vai precisar disso quando os desafios chegarem. seja paciente com seus pais, mais cedo ou mais tarde você reconhecerá muito deles em você mesma. Ame a si e aos outros por gratidão. e nunca deixe que seus medos a impeçam de chegar aonde a sua fé pode te levar, mas lembre-se de apreciar a vida entediante da rotina, porque esses serão os momentos que farão mais falta se você deixá-los faltar e passar. 

escrito em: 6 de março de 2014.

foto por: Jamille Lima

Um comentário:

  1. :~~~
    (eu sei que essa carinha de emoção não é digna de ser o meu primeiro comentário, já tinha desistido de comentar pra não ser clichê, mas aproveitei pra retribuir a observação na foto, né? k, quem vê, pensa. Te admiro, lici :)).

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