Sobre pessoas bonitas, inspirações, amores desmedidos, memórias, elaborações, viagens, fotografias e outros outonos. Sobre o que levo em meu coração, sempre. [licialves@gmail.com]

quinta-feira, 5 de junho de 2014

um sonho, vários corações


A história de hoje é uma viagem que envolve um amor transbordante e uma força de realização e incentivo incríveis! A Paula passou por um momento muito difícil e transformou a si e a muitos enquanto lidava com sua dor. Fiquei muito feliz e emocionada ao saber um pouquinho mais sobre a história dela. Se a sua lente precisa de um renovo para que você possa enxergar a vida por uma ótica cheia de cor e de positividade, esse relato é pra você!


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Como surgiu a ideia do projeto? O que te motivou a realizá-lo dessa forma?
De início, minha amiga Larissa havia me enviado um email com um concurso de curtas inspiracionais que estava acontecendo na internet. O concurso visava criar vídeos de até 3 minutos com uma mensagem motivacional. Eu abri esse email duas semanas após a morte do meu pai, e confesso que naquele momento estava passando por um período difícil de deslocamento e compreensão de tudo que havia acontecido. Lembrei de nossa lista de lugares que gostaríamos de conhecer no mundo e vi na produção desse vídeo a oportunidade de criar algo bonito e inspirador pra muitas pessoas.
Por fim, perdemos o concurso mas o vídeo acabou sendo um grande sucesso, com uma repercussão incrível e milhares de pessoas comovidas com a nossa história e motivadas a seguir seus próprios sonhos também.


Como era a sua vida antes dele e o que mudou após a concretização do video
Foram muitas coisas. Interna e externamente! Antes de produzir o vídeo eu passava por um momento de filtração de tudo o que havia acontecido. Quando perdemos alguém em um espaço tão curto de tempo, experimentamos muitas sensações, entre elas uma das mais loucas é a de não pertencimento. Pelo menos para mim foi assim. Eu sentia como se nada mais se encaixasse no lugar. Não pertencia a lugar algum. Não queria estar em casa, no trabalho, na rua, em nenhum ambiente me sentia bem. O vídeo foi, sem dúvidas, um grande canalizador de toda minha energia que estava dispersa, bagunçada, sem nenhuma direção. Foquei de mente e alma em fazer o projeto acontecer e encontrar todas aquelas pessoas e o resultado foi um imenso sentimento de satisfação, orgulho, e o mais importante: o tão precioso equilíbrio que eu já não sentia há algum tempo. Senti que eu novamente pertencia a algum lugar dentro da minha própria vida.

Quanto tempo demorou o planejamento e a concretização? 
Quando decidimos fazer o vídeo, para, até então, ser entregue no concurso, tínhamos apenas 2 semanas para entregar algo definitivo. Então, durante uma semana procuramos pessoas em todo o mundo que estivessem nos lugares da lista, usando principalmente as redes sociais. Na outra semana editamos os vídeos e, ao final da segunda semana, tudo estava pronto.

Por quê decidiu compartilhá-la pelo facebook?
Como havia apenas uma semana para achar pessoas em 18 diferentes países, criar uma página no facebook foi a melhor forma de espalhar a ideia e encontrar essas pessoas. Também usamos muito o Instagram, seguindo as pessoas com hashtags nos lugares da lista! Rs e o site de viajantes Couchsurfing.

Qual a reação da sua família à ideia? e os amigos?
De inicio, eu quis fazer surpresa e não contei pra ninguém da minha família! Rs Porém, depois que a página no face começou a crescer, tive que contar, e foi a maior alegria. Meus amigos foram sensacionais, fico até agora impressionada pois abraçaram o projeto como se fosse deles. Amigas muito especiais todos os dias procuravam por pessoas nas redes sociais. Uma quantidade enorme de conhecidos compartilhava minha história e ajudava a divulgar a causa. Formou-se uma verdadeira rede do bem. Todos sabiam que ali o propósito era realizar um único sonho em conjunto, e cada um, individualmente, fez parte desse grande sonho que tornou-se coletivo.

De quem teve apoio, em geral?
Principalmente dos amigos mais próximo, que, como eu disse antes, abraçaram a causa com todo amor.



Com relação ao seu pai, se vc se sentir confortável em falar, de que você sente mais falta? Como imagina que isso a tenha ajudado a lidar com o momento difícil de perda?
Sinto falta nos pequenos momentos do dia a dia. São muitas lembranças em toda a parte! A música preferida que toca no rádio, o cartão de aniversário guardado na gaveta, tantas coisas. Esses dias parei no farol bem em frente a um desses botecos de bairro, em que os homens jogam sinuca e bebem cerveja no fim do dia. meu pai amava jogar sinuca, tinha até um troféu de anos atrás. É uma fração de segundos, mas aquela cena dos homens no bar me trouxe um imenso sentimento de saudades. Acredito que a presença do meu pai nunca deixará de existir. Não fisicamente, mas de outra forma, não concreta, mas totalmente viva.
Como eu disse, o vídeo foi a oportunidade que encontrei de transmutar a tristeza e angústia de uma perda em amor e cooperação, através de todas as maravilhosas pessoas que tornaram esse sonho possível. 

 







Quais os planos para o futuro?
Tenho alguns projetos em mente, e, principalmente, um grande encerramento para o Manu’s Project está por vir. Mas por enquanto ainda é surpresa! rs

Qual o maior desafio que encontrou?
Encontrei muitos desafios durante o Projeto. O de não encontrar pessoas em determinados lugares, faltando apenas um dia para o prazo final de captação dos vídeos, o de divulgar o Projeto e vídeo final por mim mesma na internet, e o principal, de responder com grande discernimento, sensatez e atenção a todos aqueles que me procuraram angustiados, para contar suas próprias histórias.

Quais foram os melhores momentos até agora?
Sem dúvida, os melhores momentos são aqueles que tenho uma resposta direta de alguém sobre a interferência do meu vídeo na vida dela ou dele. É indescritível a imensa gratidão que há em saber que uma atitude sua, por menor ou menos intencionada que seja pode afetar tão profundamente a vida de uma outra pessoa. Recebi mensagens de pessoas que disseram rever seus próprios conceitos de vida; outros que reviram seus valores familiares; um rapaz, em especial, disse ter comprado uma viagem para a Europa com o pai por conta do meu vídeo tê-lo motivado a passar mais tempo com aqueles que amamos. Então, é realmente muito forte saber que somos capazes de transformar realidades quando produzimos ações sinceras de efeito coletivo.
 

Em que momento notou que isso valia mesmo a pena?
Desde o principio vi que valia a pena. Para mim, o simples fato de produzir o vídeo  já valia a pena! Mesmo que ninguém visse, eu estava tão empenhada e motivada em tornar aquilo uma realidade que, sinceramente, nem me preocupava tanto a repercussão. Isso é uma coisa que acontece facilmente quando criamos algo do coração, quando nos dedicamos de alma a algo que primeiramente nos satisfaz. Ai é como um copo cheio de água, ficamos tão cheios de motivação e paixão por aquilo que estamos construindo, que o copo transborda e isso se espalha para outras pessoas. Pra mim, toda ação de sucesso tem que nascer de um coração transbordado de paixão e motivação. Para quem vê de fora, se torna algo tão magnético que logo veem-se preenchidas pelos mesmos sentimentos.

Se arrepende de algo?
Essa é uma pergunta ampla. Já me arrependi de muitas coisas na minha vida até perceber que o erro é saudável. Gosto de uma frase de um grande amigo e professor que diz que não evoluímos quando deixamos de errar, mas sim quando percebemos e corrigimos nossos erros com mais rapidez. Nos arrependemos quando não aceitamos nossos erros como parte de um processo de aprendizado. Por mais que eu tenha errado com meu pai ou com qualquer outra pessoa, deixado de fazer certas coisas, ou feito outras de forma errada, não me arrependo, nem tão pouco me critico. Talvez, com a consciência que tenho hoje, em outra época, faria de forma diferente. Mas de forma alguma me arrependo pelo que fiz, considerando minha capacidade de compreender as coisas no tempo ocorrido. As pessoas se julgam muito. Se culpam por coisas do passado. Não conseguem perdoar a si mesmas nem a outras pessoas. E muitas vezes acabam arrastando arrependimentos e mágoas como âncoras o resto da vida.

O que faria diferente e por quê?
Faria muitas coisas diferentes se aos 17 anos tivesse a cabeça que tenho hoje! Mas acredito que tudo que passamos é um processo para formar quem somos hoje. Talvez eu não fosse hoje a mesma pessoa sem meus erros do passado. Não gosto de reformatar o passado! Porque ele não é real. O único tempo real é o presente e aqui podemos fazer e criar tudo aquilo que imaginarmos. No passado ninguém pode mexer! Ficar imaginando infinitas possibilidades diferentes para uma situação passada é perda de tempo e desgaste emocional. Hoje temos todas as ferramentas para consertar velhos erros e confeccionar novos acertos.

O que mudou em você depois da experiência?
Eu me senti capaz. Me senti capaz de realizar meus sonhos e de conquistar tudo aquilo que eu desejar de coração. Criei uma força tão grande dentro de mim que pude não só converter todos os sentimentos negativos que senti com a perda do meu pai, como também me renovei e revi velhas posturas e condicionamentos. Digamos que dei um upload! rs

Dentre as pessoas mais próximas (amigos, familiares), você percebe algum impacto provindo da sua atitude de buscar realizar o sonho de vocês dessa forma?
O vídeo sem dúvidas foi uma forma inusitada de realizar nosso sonho e, como eu disse, o impacto é coletivo. Não só amigos e familiares, mas acredito que as pessoas se comoveram com minha história por ter sido contada com tanta verdade e por ter tanta similaridade com a histórias de outras muitas pessoas. Todos nós perdemos alguém. A vida é feita e perdas. Pessoas que se vão e que vem. Mesmo que não tenham morrido. Quantas pessoas não entram em nossas vidas e depois se vão? Também é um tipo de perda. Quanto à morte, todos sabemos também que é certa, e que algum dia perderemos alguém que amamos. A perda causa um impacto muito grande em nós. Porque todos nós partilhamos dela um dia. Acredito que o impacto maior nas pessoas ao verem o vídeo é de que a vida é realmente breve e perdemos coisas e pessoas o tempo inteiro. Portanto temos que viver plenamente nossos ganhos, nossas vivenciais, pois as perdas sem dúvidas irão existir.

Como você avalia a influência da história de vocês na vida das pessoas em geral?


Acho que a resposta para essa pergunta é a mesma da anterior, porém eu acrescentaria que as pessoas em geral colecionam sonhos, e os colocam numa realidade muito distante do dia de hoje. Quase que inalcançáveis. Sempre colocando empecilhos como falta de tempo, de dinheiro, de companhia, de disposição, de coragem etc... Os sonhos se tornam mais fantasias do que sonhos por si só. Impossíveis de serem realizados. Sem dúvidas a mensagem principal do vídeo ‘’Viva sua lista”, é uma analogia para “Viva o seu sonho’’. E se eu pude “levar o meu pai’’ para conhecer 18 países em uma semana, com certeza seu sonho também esta mais próximo da realidade do que você imagina.

fotos: acervo pessoal.

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facebook: Manu's project

Um comentário:

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